A aldeia de Safara é uma encruzilhada importante no coração do concelho de Moura. E mesmo no âmbito da rede viária do Alentejo além-Guadiana continua a assumir um papel de alguma relevância nos trajectos de e para a fronteira e ao longo desta, como é possível constatar desdobrando um vulgar mapa de estradas. De resto, esta condição de Safara já surge bem patente quando Duarte de Armas, no início do século XVI, viajando de cavalo e acompanhado de um criado apeado, por ela passou com destino a Noudar e a ela regressou para rumar a Norte, dando assim cumprimento à incumbência do rei D. Manuel I: vistoriar o estado das fortificações fronteiriças com Castela e transmitir as impressões recolhidas através de desenhos que magistralmente executou a pena, em papel de linho e em pergaminho.

São afinal estas duas ideias, a de viagem como campo de múltiplas experiências e de releitura permanente do mundo e a de encruzilhada enquanto riqueza do mundo dos possíveis em face dos caminhos de sentido único, que constituem as coordenadas para situar o presente programa de eventos: um conjunto de propostas diversas, conjugando linguagens também elas diferentes com afinidades inesperadas, que oferecem, assim esperamos, territórios de descoberta sem limites.