INICIATIVAS

2ª SÉRIE

ADCMOURA

jun 2005 6
 

VIAGEM AO CENTRO DA TERRA NAS SERRAS DE AIRE E CANDEEIROS
No vídeo exibido no Centro de Interpretação, a par da informação científica que serve para enquadrar a visita, faz-se notar aos participantes algumas normas de conduta que devem ser cumpridas a preceito a bem da segurança e da preservação desse valioso património espeológico, de modo a que os impactes negativos resultantes do acesso ao público não se sobreponham aos proveitos retirados.
Em pouco tempo, o primeiro grupo de doze elementos, e não mais do que este número, fica preparado para descer “ao centro da terra”, com capacetes equipados com frontais eléctricos e auscultadores por onde se ouvirá explicações sobre o tema. Outro dos procedimentos a ter em conta é o de limpar bem o calçado num tapete à entrada do elevador, que desce uns bons cinquenta metros até estacar. Ainda um pequeno corredor já tomado pela escuridão, antes da entrada no “abismo”, a que se acede por uma escada de caracol de 35 metros, fixada não se sabe bem onde, permanentemente húmida e que mantém os participantes como que suspensos no vazio. Não é propriamente o melhor programa para quem sofra de vertigens, mas o esforço de superação desta sensação compensa largamente, tendo em conta o desfrute de uma magnífica paisagem subterrânea cujo aspecto estético assume uma dimensão pouco vulgar. Trata-se de uma sala gigantesca, iluminada por alguns, poucos, projectores de luz, cujas dimensões da área conhecida, 1400 metros quadrados, ocupando um volume estimado de 105 mil metros cúbicos, a torna na maior actualmente conhecida no nosso país e uma das mais belas do nosso património espeleológico.
Estamos a falar do Algar do Pena, descoberto em 1985, assim baptizado em honra do seu descobridor, o sr. Pena, que ali se dedicava a transformar blocos de calcário em pequenos cubos de calçada, uma das indústrias mais prósperas da região. Dessa vez a pólvora utilizada habitualmente para partir a rocha deu lugar à descoberta de um algar, ou seja, uma abertura natural de progressão vertical, podendo atingir várias dezenas de metros, e que dá acesso ao meio cársico subterrâneo, o qual, parte dele, constitui as grutas que hoje conhecemos, onde se formam as tão populares estalactites e estalagmites que podem adquirir formas que deliciam o olhar do observador. E os responsáveis por esta maravilha da natureza chamam-se água e calcário, dois gigantes que travam uma batalha que dura há milhares de anos, uma batalha sem vencedores nem vencidos entre dois adversários que não se rendem.
Um dos resultados desta luta titânica e permanente traduz-se nas 1500 grutas que cruzam o interior do Maciço Calcário Estremenho, a mais importante região calcária de Portugal e que abrange dois terços do parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros, área protegida criada em 1979, e em cuja orla sul se situa o Algar do Pena. Aqui, a natureza permeável dos calcários e a existência de fendas nas rochas originam a escassez de água à superfície e a existência de uma importante e complexa rede subterrânea, que a tornam o maior reservatório de água doce do país, derivada da infiltração da água da chuva, responsável pela dissolução e modelação do calcário e uma miríade de formas cársicas, tais como dolinas, uvalas, polje, algares, lapas, grutas, lapiaz, etc.
Depois do deslumbramento e das explicações que duram exactamente vinte minutos, o grupo regressa à superfície, dando a vez a outros doze elementos, que haviam passado o tempo entretidos com um jogo sobre o mundo subterrâneo fornecido pelo Centro de Interpretação.
Estes dois grupos são constituídos por alunos e pais da Escola Básica de Sobral da Adiça e ainda por técnicos da Associação 4.6 e da ADCMoura, enquanto entidade promotora do projecto Envolvimento Parental na Escola, onde se insere a presente visita de estudo realizada no passado dia 5 de Junho. Dedicado ao tema da Serra da Adiça, o projecto de Sobral da Adiça tem vindo a contemplar este tipo de actividades, com o objectivo de aprofundar o conhecimento sobre o “fenómeno cársico” e de facultar o contacto com realidades geológicas muito semelhantes às existentes na Serra da Adiça, promovendo-se assim uma maior contextualização dos saberes e a sua articulação com as potencialidades locais e o envolvimento dos pais e das famílias na vida escolar.
Visitado o Algar do Pena, os participantes, acossados por um repentino apetite, concordam em almoçar nos Olhos d’Água do Alviela. Mas para lá chegar é preciso percorrer um labirinto de estradas apertadas, marginadas de muros de pedra – chousos – que delimitam as pequenas parcelas de terra, onde se produzem culturas de sequeiro, frequentemente associadas ao olival, reflexo da acção dos monges cistercienses de Alcobaça, que iniciaram a sua plantação na serra dos Candeeiros no decorrer do século XVII. Só ao fim de uns bons vinte minutos se chega à Nascente do Alviela, uma das quatro nascentes perenes do Maciço Calcário Estremenho e das mais importantes do nosso país, que a tornou a principal fonte abastecedora da cidade de Lisboa desde 1880 até próximo da actualidade. Resultado de um ponto de fractura entre calcários duros e brandos, esta nascente propicia, principalmente na estação quente que atravessamos, óptimos locais de refrigério e de lazer para as populações e os muitos turistas que a visitam, com água transparente que deixa ver as pedras do fundo do leito e os inúmeros barbos que se passeiam em cardume.
Depois de saboreado o almoço, os participantes principiam um percurso pedestre de cerca de um quilómetro para melhor conhecerem esse aquífero e a zona envolvente à ribeira de Amiais, responsável por um dos acidentes geológicos mais notáveis do Parque: o canhão cársico da ribeira de Amiais, que se forma quando o curso de água desaparece com fúria dentro de uma gruta, escavando marmitas de gigante, para surgir mais à frente e a uma cota inferior, sempre a rugir.
Outra das surpresas que guarda esta área é a existência de inúmeras lapas ou cavidades que se desenvolvem horizontalmente nas rochas calcárias. Estas grutas assumem um papel muito importante como locais de abrigo de onze espécies de morcegos – no Parque ocorrem dezoito espécies e em todo o país vinte e seis – o que justifica a sua adopção como símbolo do Parque. Dado que são animais muito sensíveis a todo o tipo de perturbação e verdadeiramente importantes do ponto de vista ecológico, nomeadamente pelo controlo que exercem sobre as populações de insectos, os participantes são aconselhados a não se aproximarem das grutas. De partida da Nascente do Alviela, a próxima paragem é nas Grutas de Mira de Aire. Um mundo subterrâneo igualmente belo, mas em que os intuitos comerciais se sobrepõem, pondo mesmo em causa, a salvaguarda do património espeleológico. Não admira, portanto, face às legiões de visitantes que se acotovelam nas escadarias da gruta, que muitas estalactites e estalagmites tenham sofrido actos de vandalismo e que as rochas calcárias apresentem sinais evidentes de corrosão e perda das cores originais devido aos elevados teores de dióxido de carbono existentes na atmosfera subterrânea. Perante este cenário, os participantes percebem agora melhor a importância e a razão de ser dos condicionalismos estabelecidos no acesso ao Algar do Pena.
Para culminar a viagem ao “reino da pedra”, outra das atracções do Parque: a jazida paleontológica das Pegadas de Dinossáurios da Serra de Aire, Monumento Nacional desde 1996, localizado numa antiga pedreira no flanco oriental da Serra de Aire, próximo de Fátima, entre Ourém e Torres Novas. A laje onde se encontram as pegadas fossilizadas apresenta vinte pistas diferentes de dinossáurios saurópodes, isto é, dinossáurios herbívoros e quadrúpedes, de grande corpulência, que viveram no Jurássico e Cretácico e por ali passaram há cerca de 175 milhões de anos. Duas destas pistas têm mais de 145 metros, o que as torna os maiores trilhos de saurópodes conhecido em todo o mundo! É tal a qualidade das pegadas, que é possível distinguir perfeitamente as marcas das almofadas das patas e as unhas ou garras desses répteis antigos. Nada melhor do que este surpreendente registo de um passado longínquo para terminar com chave de ouro esse dia proveitoso de aprendizagem ao vivo, que juntou alunos e famílias numa grande jornada de envolvimento parental.


ADCMOURA MARCOU PRESENÇA NA MANIFESTA

Entre os dias 25 e 29 de Maio, realizou-se na Cidade e Aldeia Histórica de Trancoso a VI MANIFesta – assembleia, feira e festa do desenvolvimento local, organizada pela Associação Raia Histórica, ANIMAR, Câmara Municipal de Trancoso e LEADER+.
Por terras de Bandarra, célebre profeta e sapateiro português do século XVI, associações do Minho ao Algarve, dos Açores e Madeira, da Guiné-Bissau e de Espanha reuniram-se em ambiente de festa para discutir, avaliar e mostrar o trabalho do desenvolvimento local. Um espaço de convívio com muita animação, concertos, mostras gastronómicas, conferências e debates sobre os mais variados temas, da certificação do artesanato, ao orçamento participativo, novo quadro comunitário de apoio, medidas agro-ambientais, entre tantos outros que preencheram cinco dias de troca de experiências e apresentação de trabalhos realizados por todo o País. Sem o envolvimento comunitário de outras edições da MANIFesta, Trancoso acolheu os visitantes e deslumbrou com a sua história e monumentalidade, servindo de palco ao convívio entre pessoas e instituições, que, diga-se, foi um dos aspectos mais bem conseguidos pela organização.
A ADCMoura participou nesta MANIFESTA com um stand renovado, com nova concepção e imagem, fazendo a divulgação dos projectos em curso no concelho de Moura, bem como promoção do território e das suas potencialidades, nomeadamente património natural e construído, artesanato e produtos locais e recursos humanos, factor principal no desenvolvimento local. Foi possível uma real troca de experiências de trabalho realizado, novas metodologias e estabelecimento de contactos nacionais e internacionais no sentido de criar parcerias e redes informais de comunicação e colaboração no desenvolvimento de projectos no futuro. A ADCMoura teve como preocupação primeira a promoção local no sentido de cativar visitantes e potenciais investidores; neste sentido os objectivos foram largamente ultrapassados.
A MANIFesta teve o seu ponto alto no dia 29 de Maio com a apresentação do texto das conclusões da VI Assembleia MANIFesta e da Declaração e Agenda de Trancoso. Na sessão de encerramento foi lançado o concurso para a realização da VII MANIFESTA, a realizar em 2007. Para já há intenção de candidaturas de Ponta Delgada (S. Miguel, Açores), Macedo de Cavaleiros (Trás-os-Montes) e Guimarães (Minho).


FLOR DE LÓTUS: A TERAPIA EM BELEZA

No final da rua Santana e Costa, do lado direito (para quem desce), passa facilmente despercebida a porta branca do novo gabinete de terapias naturais de Moura. O ar discreto da fachada contrasta no entanto com a fama que começa a ter o gabinete entre as mourenses. As duas irmãs responsáveis pela ideia quiseram chamar “Flor de Lótus” a este espaço inteiramente dedicado ao bem-estar, à beleza e à saúde, com recurso a métodos exclusivamente naturais.
Se ainda não conhece, fique a saber que no “Flor de Lótus” poderá fazer diversos tipos de massagens (relaxamento, activação de circulação, energética e desportiva) e ainda rebotologia (manipulação óssea do sistema nervoso periférico), nutriterapia (programa alimentar personalizado) e tratamentos anti-celulite. A Nádia, técnica diplomada pela Academia de Medicinas Alternativas de Genebra, é dona de uma simpatia natural e sabe aliar aos tratamentos e massagens a criação de uma atmosfera de à-vontade e relaxamento. A componente de manicura e pedicura também não foi esquecida, sendo em breve assegurada pela Sandra, formada em Naturopatia pela mesma academia.
O primeiro esboço deste projecto surgiu há vários anos, quando a Nádia e a Sandra decidiram estudar medicinas alternativas com o intuito de um dia se dedicarem à actividade. A viver em Portugal há apenas oito anos, ainda lhes custa conviver com os muitos obstáculos que, no nosso país, se colocam aos empreendedores, principalmente aos muito jovens e sem experiência anterior na gestão de um negócio, como é o seu caso.
Souberam através da mãe (que frequentou o curso de Empreendedorismo promovido pela ADCMoura em 2003) que esta Associação dava apoio à criação de novas empresas e foi aí que encontraram a informação e acompanhamento para a candidatura à ILE, que a Nádia acabou por apresentar sozinha, enquanto empresária em nome individual, embora a Sandra pretenda associar-se em breve à iniciativa, que também ajudou a fundar.
As jovens empresárias consideram-se satisfeitas com a forma como foram orientadas pela ADCMoura e também com o tratamento que teve o seu caso no Centro de Emprego, embora não escondam que os momentos de desespero foram muitos: “havia sempre qualquer coisa que faltava”. Agora começam finalmente a acreditar que o seu projecto foi uma boa aposta, mas salientam que na fase inicial foi muito difícil, principalmente porque “as portas se fechavam por sermos muito novas”.
A competência profissional aliada à ambição e à capacidade de arriscar fazem destas duas irmãs um exemplo de empreendedorismo, tão pouco comum na nossa região, a que não é certamente alheia a sua experiência de vida num país como a Suiça, onde “ainda na escola se aprende a ter responsabilidade e que é preciso lutar para se conseguir o que se quer”. É também provavelmente por isso que ainda não se dão por contentes, não escondendo que têm projectos para expandir o negócio.

Gabinete de Terapias Naturais Flor de Lótus
Nádia Santos
Tm: 964351070


GABINETE DE APOIO PSICOSSOCIAL ÀS FAMÍLIAS
Desde Janeiro de 2005, a ADCMoura tem à disposição das famílias do concelho um Gabinete de Apoio Psicossocial.
Trata-se de uma actividade incluída no projecto TERRA PLENA (POEFDS), que estará no terreno até Dezembro de 2007.
Destina-se a apoiar as famílias do concelho, em especial as que têm filhos menores e baixos rendimentos, na resolução de problemas de natureza social e psicológica, podendo ainda proporcionar uma resposta integrada à definição e concretização de projectos de vida.
Graças à articulação com outras actividades da ADCMoura e com uma equipa técnica multidisciplinar, este Gabinete poderá ter um importante papel na orientação e acompanhamento de processos de inserção sócio-profissional, com destaque para os programas de orientação escolar e vocacional e para o apoio à criação do próprio emprego.
A oferta deste serviço, que é gratuito, confidencial e itinerante, abrangendo todas as freguesias do concelho e a que os destinatários podem recorrer na sede ou nos pólos de informação da ADCMoura espalhados pelas restantes localidades do concelho, inclui:
- apoio psicológico (exame psicológico, diagnóstico e reabilitação de dificuldades, acompanhamento psicoterapêutico...);
- sessões de orientação escolar e profissional;
- encaminhamento para serviços de apoio à criação do próprio emprego;
- prestação de esclarecimentos sobre o funcionamento dos serviços públicos e condições de acesso a pensões sociais, a serviços de apoio social e de saúde, etc.


ENVOLVIMENTO PARENTAL PROSSEGUE COM NOVAS ACTIVIDADES
Apesar de o ano lectivo estar a chegar ao fim, prosseguem a bom ritmo as actividades do Projecto Envolvimento Parental na Escola, com realizações recentes em Moura, Sobral da Adiça e Santo Amador. Em relação ao tema de Moura, subordinado ao arranjo paisagístico dos espaços exteriores da Escola Básica do 1º ciclo do Sete e Meio, cerca de cem pais e alunos participaram, no passado mês de Junho, acompanhados por professores e técnicos, numa visita de estudo à Quinta Pedagógica do Pomarinho, nos arredores de Évora. Esta visita decorreu em três ocasiões distintas, com um programa em tudo semelhante ao oferecido anteriormente às crianças e aos pais do Jardim de Infância do Sete e Meio, de que demos conta nesta mesma página. Muito direccionadas para as questões da Agricultura e Educação Ambiental, as tarefas executadas ao ar livre na Quinta, em contacto permanente com animais e plantas e que incluíram o saber-fazer associado a actividades tradicionais, de que é exemplo o fabrico do pão, vieram uma vez mais salientar a importância da participação dos pais na vida escolar dos filhos e no reforço das suas competências enquanto educadores, ao mesmo tempo que possibilitaram às crianças formas alternativas e complementares de aprendizagem, mais estimulantes e criativas, que podem e devem ser articuladas com os programas curriculares e reverter também para a melhoria da qualidade do espaço físico e da envolvente paisagística da Escola.
Em relação ao projecto de Sobral da Adiça, centrado na descoberta da Serra e na valorização dos seus muitos recursos, continuam as actividades de construção de uma maqueta em cortiça representando os relevos da Serra da Adiça e a sua envolvente imediata, que contaram nas últimas semanas com a participação de alguns pais e alunos e o acompanhamento de professores e técnicos, e que, numa das vezes, culminaram num animado lanche-ajantarado.
Quanto ao projecto de Santo Amador, relacionado com a observação e conservação de aves, decorrem por estes dias os ensaios de uma peça de teatro sobre o tema, escrita expressamente para ser representada por familiares de alunos e que se prevê seja apresentada às crianças e à restante comunidade de Santo Amador no próximo dia 11 de Julho. Com o título “O Sisão Fanfarrão não tem emenda”, a peça conta, em síntese, a história de um Sisão Fanfarrão empertigado e convencido como não há memória na estepe de Santo Amador. De bico emproado, julga-se, entre as sisoas, o mais cobiçado dos sisões, de tal forma que é tudo uma questão de fazer estalar os dedos que elas virão prontamente ao seu chamamento sem olhar para o lado. Mas eis que no encontro com a amiga Abetarda Eduarda, primeiro, e com o Cuco Mexeruco, depois, as dúvidas se instalam e começam a cavar a sua insegurança e fragilidade. Afinal, tanto convencimento e desprendimento para acabar a disputar a sua Sisoa Balboa com um concorrente insignificante. Ao todo são nove personagens que os pais terão de encarnar: o Sisão Fanfarrão, a Sisoa Balboa, a Abetarda Eduarda, o Bufo-Real Amaral, A Cegonha-Branca Iolanda, o Abelharuco Patusco, a Poupa Louca, o Cuco Mexeruco e o Mocho-galego, no papel de narrador. Para além do empenho e entusiasmo que têm demonstrado nos ensaios da peça teatral e na construção do guarda-roupa, os pais aceitaram também o desafio de, em conjunto, escrever uma história infantil sobre aves, que deverá ser representada no próximo ano lectivo.

 
 

INICIATIVAS|ADCMOURA
Folha Informativa da Associação para o Desenvolvimento do Concelho de Moura


2ª SÉRIE

Coordenação_ António Filipe Sousa

Colaboração_ António Filipe Sousa, Clara Lourenço, Sónia Pinto