Desta água não beberei, ou beberei se…

No bairro do Espadanal são frequentes os casos de doença ou mal-estar motivados por problemas do aparelho digestivo, que os queixosos atribuem a água não tratada com origem no furo artesiano que abastece toda a comunidade. Os efeitos na saúde humana resultantes de exposições adversas, como é o caso, não são iguais em todos os elementos da população, o que explica que muitos não apresentem sintomas e, por conseguinte, tendam a desvalorizar o assunto. Mas o risco existe, podendo dar origem a doenças graves, como a hepatite E, desencadeadas por agentes patogénicos presentes na água não tratada, que debilitam sobretudo as crianças e grávidas, como salientam a enfermeira Dalila, a técnica de saúde ambiental Ana Mafalda e a médica estagiária Carolina do Centro de Saúde de Moura, entidade parceira do Nómada 3.0., que participam em mais uma sessão de sensibilização do projecto. Contextualizando, a situação do bairro do Espadanal não é diferente da de outros bairros clandestinos na periferia de Moura cujo abastecimento de água depende de furos artesianos, muitos deles instalados próximo de fossas sépticas que recebem as águas residuais produzidas nas habitações, e que, ao não apresentarem garantia de estanquicidade, representam um risco elevado de contaminação do lençol freático. A existência de lixo espalhado no chão é outros dos factores de poluição das águas subterrâneas, justificando assim as acções de limpeza em curso no Espadanal mas também no bairro do Vale do Touro, com a participação dos moradores, assim como a falta de manutenção e limpeza regular das fossas sépticas. Para se entender a magnitude do problema, a Organização Mundial de Saúde reconhece que cerca de 80 por cento do peso de doença a nível mundial é causado por falta de água potável suficiente para atender as necessidades das populações e que, por cada unidade monetária despendida em saneamento básico (água, esgotos, limpeza), se economiza cerca de quatro a cinco unidades em sistemas de saúde. Enquanto se avalia a possibilidade de analisar a qualidade da água subterrânea que abastece os dois bairros, é muito importante continuar a apostar na sensibilização, formação e educação das suas populações, como temos vindo a fazer nos últimos meses, de forma a minimizar os riscos para a saúde associados a factores ambientais. E há pequenos gestos que fazem toda a diferença, como ferver a água ou desinfectá-la com duas gotas de lixívia, mas pura! – como faz questão de frisar Ana Mafalda –, por litro de água, para que o consumo seja seguro. Esta actividade concorre para o Objectivo de Desenvolvimento Sustentável nº 6 da Agenda 2030 das Nações Unidas: «Garantir a disponibilidade e a gestão sustentável da água potável e do saneamento para todos».

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