Os ROM, OS SINTI E OS CALON – conhecidos como CIGANOS

“O Dantas é um cigano! O Dantas é meio cigano! O Dantas saberá gramática, saberá sintaxe, saberá medicina, saberá fazer ceias pra cardeais, saberá tudo menos escrever que é a única coisa que ele faz!”

Almada Negreiros


O termo “cigano” é uma expressão criada na Europa do Século XV para designar os povos nómadas. O desconhecimento que as pessoas têm dos ciganos faz com que sejam vistos de um modo estereotipado. Tanto assim é que o próprio dicionário define cigano como alguém (entre outras definições) que age com o intuito de ludibriar. Seguindo a análise podemos constatar que o sentido de algumas palavras, como “ciganos”, “ciganar” ou “ciganice”, tem por base a ideia de logro.

Muitos motivos poderão estar na génese desta particularidade, no entanto, uma das realidades inquestionáveis é que todos nós, quase sem exceção, já testemunhámos situações em que a aplicação do termo assume um caráter preconceituoso e discriminatório. Assim, o termo “cigano” é considerado pejorativo na sociedade.

Em Portugal, por preconceito, o nome cigano é muitas vezes associado a qualidades negativas. Esta razão deve-se ao seu antigo nomadismo, hoje relativo, ao grande apego que têm à liberdade e à forte tradição cultural que influencia a forma como se relacionam com as instituições da sociedade envolvente.

Hoje, a expressão “cigano” é evitada pelos ciganólogos não-ciganos, os quais preferem a expressão adotada pelos movimentos de afirmação desta etnia – a expressão ROMA. Distinguem-se pelo menos três grandes grupos:

  • Os ROM que falam a lín­gua roma­ni, são divididos em vários sub-grupos, com denominações próprias, como os Kalderash, Matchuaia, Lovara, Curara etc.. São predominantes nos países balcânicos, mas a partir do Século XIX migraram para outros países europeus e para as Américas;
  • Os SINTI, que falam a língua sintó e são mais encontrados na Alemanha, Itália e França, onde também são chamados Manouch;
  • Os CALON ou KALÉ, que falam a língua caló, tido como “ciganos ibéricos”, que vivem em Portugal e em Espanha mas que no decorrer dos tempos se espalharam também por outros países da Europa e foram deportados ou migraram para a América do Sul. 

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