Nós, os Ciganos…
“Ninguém opta por ser ou não cigano, nascemos como elementos pertencentes a uma etnia minoritária com uma identidade muito própria. É a partir daí que somos identificados como grupo, como ciganos.
Não me envergonho de ser cigano… embora o simples facto de pertencer a esta etnia faça com que nós os ciganos tenhamos que lidar com a rejeição. Chegarmos a um local e olharem-nos como diferentes traz a revolta e como não sabemos defendermo-nos verbalmente ou através de legislação de apoio, utilizamos a força física como forma de auto-defesa.
Actualmente os ciganos estão a enfrentar um processo de mudança. Por um lado estamos a aprender a lidar com a lei e com o facto de esta nos defender e não apenas nos incriminar. Por outro lado, a quebra da venda ambulante, empurra os nossos filhos para a escola em busca de melhores condições de vida no futuro, o que se traduz numa maior abertura aos valores e costumes da sociedade dominante.
Existe uma maior abertura ao exterior, mas ainda existem constrangimentos ao nível das tradições ciganas e por isso temos que mediar a nossa vida em função da sociedade dominante e da nossa própria cultura.
Em Portugal as tradições ciganas ainda estão muito vivas e para preservarmos uma cultura milenar como a nossa é necessário sermos coesos e unidos! Assim sendo, nós os ciganos temos de viver dentro da lei e da cultura dominante, mas defendendo os nossos valores enquanto ciganos!”
João da Cruz dos Reis (Bairro Municipal de Porches) in …, 2007, Edição da Câmara Municipal de Lagoa
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