História de vida – Sónia Prudêncio

Sou a Sónia Prudêncio, mais conhecida por Toya, nasci a 29/07/1987, na freguesia de Paranhos da cidade do Porto. Sou cidadã portuguesa de etnia cigana, vivi com o meu pai até aos 16 anos de idade na cidade da Maia, distrito do Porto. Quando era mais nova, frequentava a escola de Porto Bom na qual conclui a 4ª ano.

Quando tinha 9 anos, saí da escola para ajudar o meu pai e minha irmã mais nova, devido a circunstâncias da vida, e tive que aprender a cuidar e gerir todas as tarefas de cuidar de um lar tais como: gerir as despesas, fazer as limpezas, orientar as compras da semana, cuidar da minha irmã que tinha 3 anos, levá-la à escola e trazê-la, etc…

Para além das tarefas que referi tinha outras tarefas, pois trabalhava nas feiras com o meu pai e posso vos dizer que o que aprendi na escola também foi útil nas feiras, pois tinha que fazer contas e organizar uma lista do que tinha vendido para depois de terminar as feiras ir reabastecer aos revendedores os novos produtos para a feira seguinte.

Durante esses anos, também frequentava a Igreja Evangélica onde fiz parte do Coro da igreja da Maia e para mim foi das coisas que gostei imenso de fazer. De igual modo, posso vos afirmar que a Igreja sempre teve um forte papel na minha vida, em especial nessa altura em que me tive que me tornar adulta para auxiliar o meu pai nas tarefas de casa e no trabalho das feiras. Também foi na Igreja que conheci o meu marido, pois ele também frequentava a mesma Igreja, acabamos por gostar um do outro e passado algum tempo casamos.

Nunca deixei de continuar a aprender, e para isso fui continuando a ler, e a assistir a documentários, etc… para com isso aos poucos continuar a estimular as minhas aprendizagens. Passado um ano de casada, fui mãe da nossa primeira princesa e claro tendei educar a minha filha e com isso também aprendi imensas coisas com ela, pois a aprendizagem durante a nossa vida é contínua e de forma que todos aprendem uns com os outros.

Então nesse sentido, também fui influenciada pelo meu companheiro, que começou a estudar à noite, e claro eu como também sempre tive vontade de continuar a aprender aproveitei para começar a ler sobre coisas novas e com isso fui me capacitando através de novas aprendizagens que os livros nos trazem através da escrita e de muita leitura.

No entretanto, tivemos a nossa segunda princesa, tinha eu 21 anos. O meu marido continuava a estudar enquanto trabalhava, e assim desenvolveu mais capacidade enquanto eu ia cuidando da família e observando a mudança que a aprendizagem faz connosco.

Desta forma começamos a ter uma perceção diferente das injustiças sociais que nos rodeavam e aí começou o nosso trabalho enquanto ativistas. Ele enquanto estudava, tentou sempre motivar me e eu a ele. Quando a nossa segunda filha entrou para o primeiro ano, chegamos a ver alguns cursos que eu poderia fazer.

Enquanto esperávamos uma resposta do IEFP surgiu uma oportunidade de ingressar no ensino superior através dos maiores de 23. Senti medo, pois só tinha o 4º ano e sabia que a formação formal me ia fazer muita falta (e realmente fez).

Decidi tentar a minha sorte e inscrevi-me em cadeiras isoladas de sociologia e psicologia, até chegar a época de provas de ingresso. Estudei o que me foi possível, aproveitei todo o conhecimento que obtive nas aulas e lá foi eu a tentar a minha sorte nas provas.

Consegui!!! mas não tinha vaga. Então tentei em outra universidade, e lá fui eu de novo fazer a prova de ingresso. E consegui!!! de novo. Foi um alento é a prova de que com esforço tudo se consegue.

Agora estou no segundo ano da licenciatura, e pelo meio já trabalhei em 2 projetos de integração, sempre sem descurar o que me é de mais precioso a minha família e a minha cultura

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