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Inclusão e mediação digital em foco na mobilidade formativa do projecto My Smart Quartier, em França

O digital está mais presente que nunca nas nossas vidas, na vida das  organizações e na sociedade em geral. É verdade que a actual digitalização da sociedade e da economia oferece um mundo de novas oportunidades, mas é também um factor de exclusão para todos os que se encontram desprovidos de competências para aceder às novas tecnologias e à Rede.

Os info-excluídos são sobretudo idosos, pessoas com baixas qualificações e rendimentos, desempregados, deficientes, imigrantes, minorias étnicas, etc.), que vivem em áreas urbanas pobres e marginalizadas ou em territórios rurais despovoados. O afastamento face ao progresso digital e à desmaterialização dos serviços públicos acarreta assim uma dupla penalização para estes grupos.

Capacitar todos, sem excepção, para a apropriação não apenas das ferramentas digitais mas também da cultura digital implica, para além de investimento em infraestruturas, uma aposta decisiva na criação de suportes de aprendizagem apropriados às necessidades dos mais carenciados. A formação de mediadores digitais, que acolhem, acompanham e orientam estes públicos, é essencial neste processo.

Em França, onde treze milhões de pessoas vivem afastadas das novas tecnologias, têm sido criados instrumentos de política e dispositivos de apoio de nível nacional, regional e local, envolvendo decisores políticos e sociedade civil, que são elucidativos da importância dada à mediação digital enquanto resposta crucial aos desafios da transição digital e da construção de uma sociedade digital inclusiva.

Isso mesmo pôde ser constatado durante a mobilidade formativa que decorreu nas cidades de Salon-de-Provence e Marselha, em França, entre 14 e 19 de Outubro (2019), no âmbito do projecto internacional My Smart Quartier, financiado pelo programa Erasmus +, em que participaram entidades portuguesas (ADCMoura), espanholas (Universidade Politécnica de Valência), italianas (Politécnico de Turim) e, na qualidade de organizadoras da formação, as entidades francesas ESC2 Associados, AAGESC – Associação para a Animação e Gestão dos Equipamentos Sociais de Canourgues e Município de Salon-de-Provence.

Primeiro em Salon-de-Provence, a AAGESC deu a conhecer o seu interessante trabalho na área da educação e capacitação de públicos prioritários, em particular na promoção da info-inclusão e da participação cidadã, realçando a importância dos usos criativos e colaborativos das novas tecnologias e da mediação digital para a construção de comunidades mais coesas e inclusivas.

À apresentação de metodologias e técnicas associadas ao trabalho de
mediação digital, sucedeu-se a aprendizagem dos participantes em grupos de trabalho e através de exercícios de simulação, tendo por base as experiências levadas a cabo no bairro multi-étnico de Canourgues, em Salon-de-Provence, palco de actuação da AAGESC. A recente criação de um FabLab solidário nas instalações desta associação (laboratório-oficina que permite a fabricação digital e que está equipado para esse efeito com um conjunto de ferramentas flexíveis controladas por computador, incluindo impressoras 3D), irá certamente reforçar a sua capacidade de intervenção no domínio da educação e inclusão digital.

A importância dos espaços públicos digitais, como os MediaLab e os FabLab, para o acesso aos benefícios das novas tecnologias, esteve de novo presente na visita realizada ao Centro Digital e FabLab dos bairros do Nord Flamants, nos subúrbios de Marselha. Aqui, treinam-se jovens desfavorecidos para criarem e testarem ideias de produtos e serviços com incorporação tecnológica e potencial de negócio.

Ainda em Salon-de-Provence, realizou-se, na sede da AAGESC, um
seminário sobre Smart City e os desafios que esta nova realidade implica no que se refere a participação cidadã, mediação e inclusão digital, com a participação activa da ADCMoura, que partilhou também a sua experiência nesta área.

Já em Marselha, no Mucem – Museu das Civilizações e do Mediterrâneo, os participantes puderam conhecer soluções criativas de mediação digital para atrair públicos que não costumam frequentar espaços museológicos.

O tema da inclusão e mediação digital voltou a estar em debate em Marselha na conferência Numérique en Commun(s), um dos mais importantes fóruns franceses dedicados à temática das novas tecnologias. Durante dois dias, mais de mil actores locais e nacionais, dos sectores associativo, público, privado e académico, incluindo setenta parceiros de acção e oitenta oradores, deram o seu contributo, em mesas redondas,
conversas cruzadas, workshops e espaços de demonstração, para uma reflexão partilhada sobre as problemáticas associadas à construção de uma sociedade digital inclusiva e sobre respostas inspiradoras, com provas dadas, que ajudem os decisores políticos e os actores locais na sua intervenção.

Neste evento, o projecto My Smart Quartier esteve também representado, com comunicações dos colegas do Politécnico de Turim e da Universidade Politécnica de Valência, que apresentaram, respectivamente, a plataforma
digital colaborativa MIRAMAP, para a gestão e regeneração de espaços públicos urbanos, e suportes pedagógicos inovadores ao serviço da educação e do combate à iliteracia digital.

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