CADEIREIRO

Nasceu em Amareleja, em Novembro de 1925. Ainda novo, cruzou o Ardila para se fixar em Safara, onde era conhecido por “ti Caixinhas”, o artesão das cadeiras. Aprendeu a arte sozinho, enquanto guardava vacas na herdade das Tesas. Foi num dia «em que os rapazes apareceram chorando porque queriam ter umas cadeiras de bunho». Na última vez que conversámos, o José conservava ainda essas primeiras obras que fizeram a felicidade dos filhos e que acabariam por lhe incutir o gosto por esse tipo de carpintaria, até aos últimos dias da sua vida. Passava grande parte do tempo na oficina, ao fundo do quintal, ensimesmado no seu trabalho, ora entalhando o pau de loendro para um espaldar ora entretecendo o buinho de um fundo de cadeira. Com a sua partida, este Verão (2017), a oficina ficou vazia para sempre e todos nós, que o conhecíamos e lhe admirávamos a sabedoria e a boa disposição, muito mais pobres, seguramente.