24 Junho de 2014
Moura a gostar da sua música e dos seus músicos continua com a cabeça na mesma nuvem. A nuvem da música electrónica.
Continua também sob o clarão dos projectores que desfazem as sombras da noite e expõem o claustro do convento do Carmo até aos recônditos mais ocultos.
O cruzamento dos dois focos de luz encontra o músico convidado, José Infante Ferreira, à espera do sinal do Tiago para avançar. Silêncio. Claquete. Música.
Ao silêncio monástico sucedem-se ecos, ressonâncias, reverberações, que, por instantes, convocam até nós os passos dos cavaleiros de S. João de Jerusalém sobre este mesmo chão há mais de oitocentos anos. Se aqui estivessem, juntar-se-iam à rave ou será que nos mandariam para os quintos do inferno com o fio das suas espadas?
Rimos para dentro com a primeira hipótese e estremecemos por fora com a segunda tal qual a borboleta que agora bate as asas, atraída pela luz, e solta ondas de choque no delicado equilíbrio de forças da noite.
Depois do arroubo, fica o calor no ar, que não combina com a fonte seca do claustro.
O que vale é que temos encontro marcado com umas imperiais no cimo da avenida.
Filipe Sousa
Ficha Técnica
José Ferreira
Moura / Convento do Carmo// 23.00 // gravações
Música electrónica
Alinhamento
Klã
Realização
Tiago Pereira
Som
Telma Morna
Fotografia
ADCMoura
Produção
ADCMoura