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Oficina de Recolha e Conservação de Sementes Tradicionais, a 15 de Setembro, com José Mariano Fonseca

Gostaria de contribuir para a salvaguarda da biodiversidade agrícola no seu território? Para preservar as variedades tradicionais de frutas, legumes e outras plantas que de outro modo se encontrarão em grande risco de desaparecerem?

No próximo domingo, 15 de Setembro, das 10h às 13h, em Moura, vamos falar sobre isto e aprender, de modo prático, técnicas para realizar uma adequada recolha e conservação das sementes, com o José Mariano Fonseca, a quem devemos uma jornada muito bem passada em torno destes assunto, há cerca de dois anos, como tão bem surge retratado em http://ruadashortas.blogspot.pt/2011_12_01_archive.html. Pode também compreender melhor os objectivos e matérias a abordar na Oficina em http://ruadashortas.blogspot.pt/2011/11/recolha-e-conservacao-de-sementes.html.

O animador da Oficina, José Mariano Fonseca, é licenciado em ensino de Biologia e Geologia, pela Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa; Formador em Educação Ambiental na vertente da Agricultura Biológica; Sócio e colaborador (desde de 1997) da Associação Portuguesa de Agricultura Biológica – Agróbio; Sócio fundador da Associação Colher para Semear – Rede Portuguesa de Variedades Tradicionais; Formador responsável pelo Curso Horta-Jardim, ministrado pela Agrobio (desde 2008); autor da rúbrica “O quintal biológico”, publicado periodicamente na revista “Joaninha” da Agrobio e também, de vários artigos publicados no “Gorgulho” – publicação periódica da Associação Colher para Semear; Agro – ecologista e Hortelão amador mantendo um quintal com recurso às práticas da Agricultura Biológica (desde 1998).

Deixamos-vos um texto de enquadramento da Oficina, pelo próprio José Mariano Fonseca, com o título “O ciclo das sementes e o seu legado para um futuro de incertezas

A recolha de sementes é uma prática ancestral que data desde o tempo em que o homem quis tomar as rédeas do seu destino, procurando a independência da procura de alimento cuja abundância até então, dependia da sazonalidade, da sua capacidade de prospeção e recolha. Esta prática terá surgido e assumido maior expressão, com aquela que para muitos é a derradeira revolução que o homem alguma vez realizou, ao longo da sua existência, a agricultura. No intuito de procurar produções mais regulares e adaptadas às exigências de cada região o homem foi domesticando as espécies com mais interesse, seleccionando as mais aptas e induzindo-as assim, a adaptarem-se ao rigor de cada território. Aos poucos, de um punhado de espécies foram surgindo uma multiplicidade de variedades, aumentando a cada geração a dimensão do legado agrícola e ampliando a capacidade humana, para conquistar e se instalar em novas regiões do globo, garantindo o seu sustento e o futuro dos seus herdeiros.
Aquilo a que hoje chamamos património agrícola é o resultado da vontade e do engenho de homens e mulheres que geração após geração, ao longo de milhares de anos, foram moldando as espécies, selecionando as suas sementes e desenvolvendo estratégias para a sua conservação. A par desta atividade foi sendo edificado um património de conhecimento que até há algum tempo atrás, no seio de cada comunidade, era legado às gerações futuras, juntamente com as sementes. Esta transmissão frequentemente fazia-se associada a rituais, cerimónias ou outros eventos carregados de simbolismo.
O crescimento desmesurado da população, em especial após longos períodos de guerra, levou a preocupações sem precedentes no plano da produção alimentar, conduzindo a atividade agrícola no sentido da sua industrialização. Esta prática levou à dispensa de milhares de camponeses das várias regiões rurais do globo e provocou o seu êxodo para as zonas urbanas. A tecnologia substituiu os muitos homens e mulheres, necessários à lida dos campos e afastou-os do seu “saber fazer”, conduzindo ao longo de gerações à perda de conhecimento e do seu património agrícola.
Passaram-se décadas em que a humanidade em geral, pouco se preocupou com a origem da sua alimentação e com o modo como esta é processada até chegar à mesa de cada um. Foram necessárias algumas crises e escândalos alimentares para se vislumbrar alguns dos problemas inerentes à massificação e industrialização da produção alimentar. Uma das consequências mais gravosas foi o abandono de grande número de variedades tradicionais, preteridas em favor de híbridos e variedades geneticamente modificadas, sacrificando frequentemente as qualidades organoléticas em favor de critérios de produção e de conservação industrial.
O desenvolvimento de uma consciência ambiental e a procura crescente por parte dos consumidores, pela autenticidade dos alimentos de outrora, associado à incerteza do que nos espera em termos de alterações climáticas, são fatores preponderantes para o ressurgimento das variedades tradicionais e emendar muito de errado que se fez no passado, retomando o legado deixado em termos do património agrícola e do conhecimento a ele associado.

Esta Oficina é realizada no âmbito da Feira Anual de Setembro/ XXXIII Feira do Artesanato / IV Mostra Transfronteiriça de Aromas e Sabores, com o apoio financeiro do projecto ADLA/ POCTEP/ FEDER.

Inscreva-se aqui ou através dos seguintes contactos:adcmoura@adcmoura.pt | 285 25 49 31

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