«Quero trabalhar para receber o meu salário e fazer descontos»

Manuel Francisco Ramos Carapinha, 34 anos, residente no Espadanal. É o único habitante do bairro que trabalha por conta de outrem, ao serviço da Câmara Municipal de Moura, desde 2016. Começou por trabalhar nas escavações arqueológicas do castelo de Moura, tendo passado, a partir de 2018, para os serviços de espaços verdes e ambiente da autarquia. Funcionário aplicado, muito valorizado pelas chefias e colegas de trabalho, o Manuel orgulha-se do que faz, sem «depender do RSI». «Quero trabalhar para receber o meu salário e fazer descontos.» No entanto, Manuel faz parte de uma escassa minoria (cerca de 3% por cento) da população cigana do concelho de Moura em idade activa que exerce actividade profissional continuada por conta de outrem. Ou seja, para a grande maioria dos indivíduos de etnia cigana do concelho (87%), o RSI prevalece como a principal fonte de rendimento regular. Pontualmente, devido a insuficiência de rendimentos para fazer face às despesas básicas, e numa lógica de plurirrendimento e pluriactividade que se aplica a outros grupos da sociedade portuguesa, muitos ciganos e ciganas exercem actividades sazonais ou temporárias, em esferas mais ou menos formais, relacionadas sobretudo com trabalhos agrícolas de colheita de fruta. Um dos elementos de produção e reprodução de pobreza e de exclusão social das comunidades ciganas, em geral, e da comunidade residente no concelho de Moura, em particular, prende-se justamente com a dificuldade de acesso ao mercado de trabalho. Às reconhecidas lacunas ao nível da escolaridade e qualificação profissional da comunidade cigana, de uma forma geral, acrescem diversas barreiras discriminatórias relacionadas com a pertença étnica, como recusas por parte de potenciais empregadores, em especial em Portugal – pois tal problema não se coloca tanto em Espanha -, que dificultam ou inviabilizam mesmo o acesso das pessoas ciganas ao emprego e que contribuem para a sua falta de motivação e de expectativas quanto ao futuro. A ADCMoura orgulha-se de ter contado, até muito recentemente (31 de Março), com três jovens ciganos entre os seus funcionários. Neste momento, conta com o Bento Silva, que integra a equipa do Nómada 3.0!

Fotografias:

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