A adaptabilidade face às dificuldades na integração do mercado de trabalho

Por diversos motivos a integração de ciganos no mercado laboral é marcada por uma resistência estrutural, uma insegurança permanente e por um tratamento discriminatório secular. Esta resistência estrutural faz parte da sociedade portuguesa no seu todo, que continua a percecionar este grupo sociocultural como “estranhos-próximos” que se mantêm socialmente distantes.

O baixo nível de formação escolar e de qualificação profissional e a existência de um preconceito subtil – desconfiança, fraca credibilidade no trabalho a desempenhar e a fraca aceitação para a inserção e na disponibilização de ofertas para trabalho, marcam a relação das empresas com os elementos desta minoria – conduzem os elementos deste grupo para uma situação de assalariamento em profissões mal remuneradas. Admite-se, porém, a existência de constrangimentos à inserção profissional destas pessoas, derivado dos processos de socialização comunitária, como por exemplo o envolvimento nos acontecimentos familiares (casamentos e lutos) em detrimento do trabalho.

As exigências do mercado laboral, por um lado, e a estreita ligação à família, por outro, remetem a maioria dos ativos desta etnia exerce atividades por conta própria mas que simultaneamente carecem de proteção social e os posiciona no mercado informal de trabalho – o comércio ambulante é atividade mais procurada pois possibilita a colaboração simultânea no seu desempenho de vários membros do grupo familiar. Mas especificidades que envolvem o desempenho desta atividade profissional colocam a estes cidadãos constrangimentos vários, que motivam alguns membros do grupo a recorrer por vezes (de forma complementar ou não) a outras estratégias de sobrevivência que nos revelam a sua persistência e capacidade de adaptação às dificuldades.

Em alguns casos, a subsistência económica do grupo doméstico é apenas possível através do apoio a atividades económicas independentes, promovido pelo Instituto de Segurança Social, ou, na maioria dos casos, por via da realização de atividades fortemente marcadas pela sazonalidade, como a agricultura.

Assim, o dinamismo, a iniciativa e a maleabilidade dos trabalhadores de etnia cigana deveriam ser valorizados pelos empregadores. O desenvolvimento de políticas e iniciativas (nacionais e locais) que desconstruam os estereótipos, junto das entidades empregadores, e a fomentem a compreensão e aceitação das exigências do mercado de trabalho alargado, junto das comunidades ciganas, devem ser uma prioridade para os órgãos governativos para que a inserção profissional seja objetivo de todos.

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