A integração de ciganos no mercado de trabalho

Um dos estereótipos mais comuns considera que os ciganos não gostam de trabalhar e preferem viver da assistência social a procurar um emprego. Esta ideia está longe de corresponder à realidade. Como apresentado num artigo anterior, alguns estudos, baseados em dados cedidos pelo Instituto de Segurança Social, apontam que entre 3% e 6,5% das  93.731 famílias beneficiárias do RSI são de origem cigana.  Ainda assim, não se pode negar que algumas pessoas procuram viver dos apoios sociais mas este fenómeno pode ser observado em qualquer grupo, independentemente da sua origem étnica ou social.

Muitos ciganos continuam a ser excluídos do mercado de trabalho porque não possuem, para o desempenho de determinadas funções, os requisitos académicos e a experiência profissional necessárias. No entanto, mesmo reúnam as qualificações exigidas pelo empregador verifica-se uma ideia generalizada e pré-concebida que incide sobre a sua suposta falta de compromisso, dedicação e capacidade de trabalho. Este juízo sem fundamento conduz a situações de discriminação que dificultam a contratação de trabalhadores pertencentes a esta minoria.

Enquanto as taxas de desemprego na Europa variam entre 10 e 30 por cento, durante os tempos de crise, a taxa de desemprego entre os cidadãos europeus de origem ROMA é estimada entre 40 e 80 por cento. Mas, entre os trabalhadores de etnia cigana, e de acordo com o Estudo sobre a Discriminação por Raça ou Origem Étnica (http://goo.gl/IWDgZv), verifica-se que:

  • 50,7% da população cigana já se sentiu discriminada no local de trabalho;
  • 35,3% disseram terem sido rejeitados numa entrevista por causa de sua etnia;
  • 26,9% sentiam-se mais controlados e/ou monitorizados;
  • 11,9% têm experimentado situações que os impedem de desempenhar funções com visibilidade pública por causa de sua raça ou origem étnica.

São diversos os casos de cidadãos de etnia cigana que, quando contratados, são forçados a aceitar baixas remunerações ou a deslocar-se entre regiões/países em busca de emprego. E é nas atividades pouco procuradas pela sociedade, como os trabalhos agrícolas, cuja sazonalidade obriga ao afastamento das famílias e comunidades, florestais e pecuários que, por vezes, conseguem encontrar ocupação. Esta situação empurra-os para a procura de atividades complementares, atividades que compensem as baixas remunerações de que auferem. Os mercados e feiras são ainda procurados com alguma insistência mas, atualmente, esta atividade pouco acrescenta a estes trabalhadores devido ao modelo de venda praticado pelas grandes superfícies comerciais.

Esta situação incentiva grande parte das famílias a encaminhar as crianças para a escola para que estas adquiram melhores níveis de escolaridade. Contudo, apesar do empenho em proporcionar mais e melhores estudos às suas crianças os esforços não são suficientes para garantir um acesso igualitário ao mercado de trabalho, pois é necessária uma mudança de atitude por parte dos empregadores e das agências de emprego.

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